Uma iniciativa ousada, o projeto Arco de Restauração, com apoio do BNDES, planeja, em 30 anos, reverter danos em 500 mil km² da Amazônia, recuperando um quarto das áreas desmatadas. Com mais de 200 cientistas e pesquisadores dos países amazônicos, o Painel Científico para a Amazônia (SPA) visa implementar um dos maiores programas de restauração florestal do mundo.
O projeto mira restaurar uma parte dos 2 milhões de quilômetros quadrados desmatados e degradados na Amazônia, concentrando esforços em dois arcos com diferentes vetores de degradação.
O primeiro é o Arco de Restauração do sul da Amazônia, atingido pela pecuária como principal vetor de desmatamento. Já o outro, ao longo dos Andes, enfrenta a mineração ilegal e a exploração de petróleo como principais desafios.
Especialistas alertam que a Amazônia está à beira de um ponto de não retorno para savanização, tornando urgente a necessidade de parar o desmatamento e iniciar um processo de recuperação.
Anunciado durante a COP 27 no Egito, o projeto ganhou força com o apoio do BNDES como financiador. Estima-se que cerca de 20 bilhões de dólares sejam necessários para dar início ao projeto em escala adequada.
Para Carlos Nobres, climatologista e uma das mentes à frente dos Arcos da Restauração, o envolvimento do BNDES pode atrair outros parceiros financeiros, ampliando o escopo do projeto.
Apesar dos desafios, incluindo custos, disponibilidade de insumos e falta de definição sobre quem realizará o plantio e monitoramento, Nobres aponta a necessidade de envolvimento de universidades, institutos de tecnologia, ONGs, empresas privadas e comunidades locais para o sucesso do projeto.
A restauração ecológica vai além do simples plantio de árvores, exigindo a criação de sistemas agroflorestais que gerem produtos comerciais, como frutas nativas e outras espécies de rápido crescimento.
Infraestrutura industrial básica
Integrantes do Painel Científico da Amazônia enfatizam a importância de uma infraestrutura industrial básica para agregar valor aos produtos primários da agrofloresta, possibilitando a comercialização de produtos como açaí, andiroba, castanha e outros, gerando lucro e cobrindo custos do projeto.
A implantação desses sistemas agroflorestais requer experiência e envolvimento de múltiplos atores, desde pesquisadores e comunidades locais até instituições de ensino e empresas, visando não apenas a restauração ambiental, mas também, a geração de renda e a valorização sustentável dos recursos naturais da região.
É importante ressaltar que a restauração da Amazônia vai além da revitalização florestal.
Ela representa uma oportunidade de promover o desenvolvimento sustentável, garantindo a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais, que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.
O projeto Arcos da Restauração destaca-se não apenas como uma iniciativa ambiental, mas como um potencial impulsionador econômico e social para a região.
A transformação dessas áreas degradadas em espaços produtivos sustentáveis pode gerar empregos, promover a inclusão social e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.
Investir em projetos de restauração como esse não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia de longo prazo para a preservação de um dos biomas mais importantes do mundo, oferecendo soluções concretas para os desafios globais relacionados à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, é imprescindível que o compromisso com a restauração da Amazônia seja mantido, garantindo recursos, parcerias e políticas públicas efetivas, visando não somente recuperar o que foi degradado, bem como, construir um futuro sustentável para a região e para o planeta.